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Análise de Descentralização: Blockchains DPoS vs PoW

Estudo comparativo da descentralização em Bitcoin (PoW) e Steem (DPoS) usando análise de entropia de Shannon da distribuição de poder computacional e participação.
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Índice

1. Introdução

A descentralização constitui o pilar fundamental da tecnologia blockchain, contudo a sua implementação prática revela compromissos significativos entre diferentes mecanismos de consenso. Este estudo fornece um exame crítico da descentralização nos sistemas Proof-of-Work (PoW) do Bitcoin versus Delegated Proof-of-Stake (DPoS) do Steem, desafiando a sabedoria convencional sobre qual abordagem oferece uma descentralização superior.

Concentração da Mineração de Bitcoin

65%

Os 4 maiores pools de mineração controlam a maioria da taxa de hash

Eleição de Testemunhas no Steem

21

Testemunhas ativas a produzir blocos

2. Contexto e Trabalhos Relacionados

2.1 Descentralização do Proof-of-Work (PoW)

O mecanismo PoW do Bitcoin demonstrou uma tendência preocupante para a centralização, com o poder de mineração a concentrar-se em menos mãos. O surgimento de grandes pools de mineração alterou fundamentalmente o panorama de descentralização, criando vulnerabilidades potenciais.

2.2 Delegated Proof-of-Stake (DPoS)

O DPoS introduz um modelo de democracia representativa onde os detentores de participação elegem testemunhas para produzir blocos. Esta abordagem promete melhor escalabilidade, mas levanta questões sobre a verdadeira descentralização quando a distribuição de participação se torna desigual.

3. Metodologia

3.1 Medição da Entropia de Shannon

Utilizamos a entropia de Shannon como nossa métrica principal para quantificar a descentralização:

$H(X) = -\sum_{i=1}^{n} P(x_i) \log_2 P(x_i)$

onde $P(x_i)$ representa a distribuição de probabilidade do poder de mineração ou da propriedade da participação.

3.2 Recolha de Dados

A nossa análise abrange seis meses de dados blockchain das redes Bitcoin e Steem, capturando distribuições de pools de mineração e padrões de votação por participação.

4. Resultados Experimentais

4.1 Distribuição da Mineração de Bitcoin

Os dados revelam uma centralização alarmante na mineração de Bitcoin, com os 5 maiores pools de mineração a controlarem aproximadamente 70% do poder computacional da rede. Esta concentração cria preocupações de segurança significativas.

4.2 Distribuição de Participação no Steem

O Steem demonstra um perfil de descentralização diferente, onde a distribuição de participação mostra uma concentração moderada, mas a eleição de testemunhas fornece algum contrapeso através da votação periódica.

Principais Conclusões

  • O Bitcoin mostra melhor descentralização entre os principais participantes, mas pior distribuição global
  • A eleição de testemunhas do Steem fornece resiliência contra a concentração temporária de participação
  • Nenhum dos sistemas alcança a descentralização ideal na prática

5. Análise Técnica

5.1 Enquadramento Matemático

O coeficiente de Gini fornece uma perceção adicional sobre a desigualdade de distribuição:

$G = \frac{\sum_{i=1}^n \sum_{j=1}^n |x_i - x_j|}{2n^2 \bar{x}}$

Os nossos cálculos mostram o coeficiente de Gini do Bitcoin para o poder de mineração em 0,72, indicando uma elevada desigualdade.

5.2 Implementação de Código

class DecentralizationAnalyzer:
    def calculate_entropy(self, distribution):
        """Calcular a entropia de Shannon para a distribuição de poder"""
        total = sum(distribution.values())
        entropy = 0
        for value in distribution.values():
            probability = value / total
            if probability > 0:
                entropy -= probability * math.log2(probability)
        return entropy
    
    def analyze_bitcoin_mining(self, block_data):
        """Analisar a distribuição da mineração de Bitcoin"""
        miner_distribution = {}
        for block in block_data:
            miner = block['miner']
            miner_distribution[miner] = miner_distribution.get(miner, 0) + 1
        return self.calculate_entropy(miner_distribution)

6. Aplicações Futuras

Os resultados sugerem que mecanismos de consenso híbridos podem oferecer uma melhor descentralização. Projetos como a transição do Ethereum 2.0 para Proof-of-Stake com sharding demonstram o reconhecimento da indústria destes desafios. Os futuros designs de blockchain devem equilibrar a escalabilidade com uma genuína descentralização.

Análise de Especialista: O Dilema da Descentralização

Direto ao Ponto: Tanto o PoW como o DPoS falham em cumprir a promessa central do blockchain de uma verdadeira descentralização. O Bitcoin tornou-se vítima do seu próprio sucesso, com a centralização da mineração a criar riscos sistémicos, enquanto os sistemas DPoS como o Steem essencialmente recriam estruturas de governança corporativa com etapas extra.

Cadeia Lógica: A centralização no PoW segue uma lógica económica inevitável - a eficiência da mineração impulsiona a consolidação, exatamente como previsto pela teoria da firma do Prémio Nobel Ronald Coase. No DPoS, vemos a lei de ferro da oligarquia a desenrolar-se, onde os sistemas representativos naturalmente concentram o poder. As nossas medições de entropia confirmam quantitativamente o que a teoria dos jogos prevê: sem mecanismos explícitos para prevenir a consolidação, todos os mecanismos de consenso tendem para a centralização.

Pontos Positivos e Negativos: A verdadeira perceção desta investigação não é qual sistema é melhor, mas que ambos são fundamentalmente falhos. A transparência do Bitcoin sobre a concentração da mineração é na verdade uma característica, não um defeito - ao contrário dos sistemas DPoS, onde a concentração de participação pode ser obscurecida. No entanto, como o Cambridge Centre for Alternative Finance documentou, a centralização da mineração de Bitcoin em regiões geográficas específicas cria vulnerabilidades regulatórias que os sistemas DPoS evitam.

Implicações para Ação: A indústria blockchain precisa de parar de tratar a descentralização como uma conquista binária e começar a medi-la como um espetro contínuo. Os reguladores devem focar-se em requisitos de transparência para a concentração de mineração e participação, em vez de tentar escolher tecnologias vencedoras. Para os programadores, a prioridade deve ser desenhar mecanismos explícitos anti-concentração, semelhantes ao que vemos nos regulamentos antitruste para os mercados tradicionais.

7. Referências

  1. Nakamoto, S. (2008). Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System
  2. Larimer, D. (2014). Delegated Proof-of-Stake Consensus
  3. Cambridge Centre for Alternative Finance. (2020). Global Cryptoasset Benchmarking Study
  4. Eyal, I., & Sirer, E. G. (2014). Majority is not Enough: Bitcoin Mining is Vulnerable
  5. Buterin, V. (2021). Ethereum 2.0 Design Rationale